A partir de 1º de janeiro de 2025, o setor bancário brasileiro vai passar por uma revolução contábil, com a chegada do IFRS 9 (CPC 48), o novíssimo padrão internacional que promete balançar as estruturas financeiras. Esse marco vem para dar aquele toque de transparência e precisão na contabilização de riscos financeiros — algo que, sejamos honestos, “tava mais que na hora”.
Mas calma lá, nem tudo são flores. As instituições financeiras vão ter que “rebolar” para se adaptar. Entre ajustes nos processos internos e mudanças estratégicas no negócio, o trabalho vai ser pesado. Parece até que estão pedindo para os bancos trocarem o motor do avião enquanto ele está voando.
E claro, como tudo no Brasil, vamos ver quem vai conseguir transformar essa “obrigação” em oportunidade.
O que muda com o IFRS 9?
O IFRS 9 substitui o modelo anterior de apuração de perdas efetivamente incorridas por uma metodologia baseada em perdas esperadas. Essa abordagem exige que os bancos antecipem o reconhecimento de perdas potenciais em seus ativos financeiros, como empréstimos e investimentos. O principal objetivo é oferecer uma visão mais realista da exposição ao risco das instituições, beneficiando tanto investidores quanto reguladores.
Mudanças-chave do IFRS 9
Com a implantação do IFRS 9, as principais mudanças são:
a) metodologia de perdas esperadas: exige avaliação contínua dos ativos financeiros para prever riscos.
b) classificação e mensuração: introduz novas categorias para mensurar ativos com base em suas características de fluxo de caixa e modelo de negócio.
c) hedge accounting: fornece maior flexibilidade na gestão de riscos, permitindo um alinhamento mais próximo com as estratégias de negócio.
Impactos nas estratégias de negócios
A implementação do IFRS 9 é como aquela festa que você planeja no Excel: parece simples no início, mas, no fim, você está reconsiderando toda a sua vida financeira. Essa norma vai muito além de um ajuste técnico-contábil; ela mexe diretamente com as estratégias das instituições bancárias. Vamos analisar os impactos, complexamente, para entender seu reflexo:
a) gestão de crédito: os bancos agora precisam brincar de “adivinhe quem não vai pagar”. Com as provisões para perdas esperadas em jogo, as políticas de crédito vão ficar tão rigorosas que até aquele melhor cliente do banco, com histórico impecável, pode ter que explicar o porquê daquele empréstimo que ele almeja.
b) precificação de produtos: é possível ocorrer o fim daquele empréstimo com taxas amigáveis. Os custos extras das provisões precisam ir para algum lugar, e, adivinhe, vão direto para a precificação dos produtos financeiros. Resultado? Taxas de juros mais altas, porque o dinheiro não se multiplica.
c) investimentos em tecnologia: não dá para monitorar riscos com uma planilha no computador antigo. A adequação ao IFRS 9 exige sistemas robustos, significando investimentos pesados em TI e automação de processos.
d) gestão de capital: agora, a precisão virou palavra de ordem, e isso pode bagunçar os indicadores de capitalização. Resultado: ajustes e remanejamentos para cuidar do capital regulatório.
No fim das contas, o IFRS 9 é um lembrete em nome de uma contabilidade mais transparente e alinhada aos riscos reais.
Desafios para os Bancos
Embora a adoção do IFRS 9 traga uma transparência digna de aplausos e eleve a barra da qualidade da informação contábil, ela também entrega, de bandeja, um pacote completo de desafios substanciais, como:
a) adequação de processos: necessidade de implantação de métodos avançados de gestão de riscos e apuração de perdas. É um processo trabalhoso e requer recurso financeiro para sua implantação.
b) capacitação de equipes: treinamento adequado é mais do que necessário. Sem isso, a equipe pode acabar gerando relatórios tão confusos que podem atrapalhar o processo, não atendendo às novas diretrizes.
c) custo de implementação: consultoria, tecnologia, treinamento… tudo tem seu custo, especialmente quando se fala em bancos menores, que já estão brigando para manter suas receitas em dia. No curto prazo, as margens de lucro reduzem bastante.
No fim das contas, o IFRS 9 é recompensador, mas o preço da implantação é caro.
Benefícios da Transição para o IFRS 9
Apesar dos desafios, que não são poucos, implementar o IFRS 9 é quase como um investimento para a saúde financeira das empresas. Os benefícios são inúmeros, e aqui vão alguns destaques:
a) maior transparência: o novo padrão melhora tanto a qualidade das informações financeiras que até o investidor mais cético pode começar a acreditar de forma mais clara nas demonstrações contábeis.
b) resiliência ao risco: antecipar perdas esperadas faz com que os bancos saiam preparados para cenários adversos e até um pouco mais confiantes em enfrentar as turbulências do mercado.
c) eficiência operacional: os investimentos em tecnologia e processos não só tornam tudo mais rápido, mas também economizam o tempo de quem já está cansado de esperar relatórios intermináveis.
No geral, dá trabalho no início, mas o resultado vale muito a pena!
Perspectivas futuras para o setor bancário brasileiro
A transição para o IFRS 9, mais do que um simples ajuste técnico, é desafiadora, mas os bancos que abraçarem essa jornada estarão se posicionando como verdadeiras referências financeiras, prontos para encarar um mercado global cada vez mais competitivo e cheio de regras.
No longo prazo, o IFRS 9 promete trazer mais transparência, robustez e resiliência ao sistema financeiro. Com bancos, reguladores e investidores trabalhando juntos, o setor bancário brasileiro tem tudo para se fortalecer e se preparar para os desafios do futuro.
Conclusão
A adoção do IFRS 9 é quase como aquele momento em que você decide reorganizar toda a casa e descobre que vai dar mais trabalho do que parecia, mas no fim tudo faz sentido. Para o setor bancário brasileiro, essa transição não é apenas uma questão de ajustar planilhas e relatórios; é praticamente uma reinvenção da organização contábil.
Por um lado, são desafios que não são pequenos, como adaptar sistemas, treinar equipes, mudar processos. É como aprender uma nova especialidade, só que cheia de termos técnicos. Por outro lado, os benefícios são claros: mais transparência e alinhamento com padrões globais.
O processo não vai ser fácil. Mas, com uma implementação bem-feita, os bancos brasileiros podem sair dessa com um sistema financeiro mais robusto, capaz de encarar as oscilações do mercado global.
Outras informações a respeito da NBC TG 48 – Instrumentos Financeiros estão disponíveis no nosso site.