A contabilidade brasileira está prestes a passar por uma das mudanças mais relevantes das últimas décadas. A partir de 1º de janeiro de 2027, entra em vigor uma nova estrutura para a apresentação das Demonstrações Contábeis, resultado do processo contínuo de convergência das normas nacionais às diretrizes internacionais emitidas pelo IASB. A proposta está materializada na Minuta do Pronunciamento Técnico CPC 51, que espelha a IFRS 18 e substituirá o CPC 26 (R1), redefinindo a forma como empresas e usuários interpretam o desempenho financeiro das organizações.
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Essa modernização não representa apenas uma atualização técnica: ela altera a lógica de leitura, compreensão e comunicação das informações contábeis. Para administradores, auditores, investidores, contadores e profissionais de finanças, trata-se de uma mudança estrutural no modo de organizar, classificar e explicar o resultado empresarial.
O processo de convergência e a construção do CPC 51
A criação do CPC 51 faz parte de um movimento natural iniciado há anos, que busca harmonizar as normas brasileiras às internacionais emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB). Essa convergência também exigirá revisões em diversos outros documentos emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, incluindo CPCs, ICPCs e OCPCs que não possuem correspondência direta com as normas globais, mas que precisarão ser ajustados para manter coerência técnico-contábil.
A IFRS 18 reforça princípios fundamentais, como a transparência, a comparabilidade e a utilidade das informações, critérios que norteiam a elaboração das demonstrações e que vêm se fortalecendo mundialmente. O novo modelo da DRE, em especial, aproxima o Brasil de padrões utilizados por grandes mercados internacionais, oferecendo uma visão mais clara sobre o desempenho operacional e financeiro das empresas.
O que muda na DRE a partir de 2027
Entre as mudanças mais expressivas propostas na Minuta do CPC 51 estão novos critérios de agregação e desagregação de informações, a reorganização das receitas e despesas em categorias definidas e a criação de subtotais inéditos na DRE. A intenção é permitir que o usuário entenda, com mais clareza, o que faz parte do resultado operacional da empresa e o que decorre de atividades de investimento, financiamento ou eventos extraordinários.
A nova estrutura classificará receitas e despesas em cinco categorias: (i) Operacional; (ii) Investimentos; (iii) Financiamentos; (iv) Tributos sobre o lucro; e (v) Operações descontinuadas. Ainda nessa demonstração, com os dois novos subtotais, a informação terá a seguinte estrutura:
• Lucro ou prejuízo operacional – reunindo todos os itens classificados na categoria operacional;
• Lucro ou prejuízo antes de financiamento e tributos sobre o lucro – somando o resultado operacional e as receitas e despesas de investimento.
• Lucro ou prejuízo líquido – o resultado final obtido após a soma de todas as receitas e a dedução de todas as despesas reconhecidas na demonstração do resultado.
Essa reorganização torna a DRE mais fiel ao comportamento econômico da empresa, facilitando análises de gestão, auditoria e tomada de decisão. Além disso, a norma exige a divulgação (em nota explicativa específica) das medidas de desempenho definidas pela administração. Na prática, significa que indicadores utilizados em apresentações, relatórios e comunicações ao mercado estarão também nas Demonstrações Financeiras, reforçando a transparência e evitando interpretações equivocadas por parte dos usuários.
Impactos para o mercado e a rotina dos profissionais
A adoção da IFRS 18 trará mudanças significativas para empresas que seguem as normas internacionais completas. O impacto, porém, será sentido de forma distinta entre organizações, variando conforme porte, regime tributário, segmento, estrutura operacional, sistemas contábeis e capacidade de adaptação das equipes.
Os profissionais da área, contadores, auditores, reguladores, docentes, estudantes, analistas e consultores, também precisarão se atualizar para interpretar e aplicar corretamente o novo padrão. Trata-se de uma transformação que afeta toda a cadeia informacional, desde a coleta de dados até a comunicação final aos investidores e ao mercado.
A partir de 2027, a forma de contar a história financeira das empresas mudará. E estar preparado será fundamental.
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