Você já ouviu falar no chamado “CPF dos imóveis”? O Cadastro Imobiliário Brasileiro (CIB) foi criado para padronizar a identificação de todos os imóveis do país, trazendo mais organização e segurança tanto para o setor imobiliário quanto para a Receita Federal.
Instituído pela Instrução Normativa RFB nº 2.030/2021 e regulamentado pelo Decreto nº 11.208/2022, o CIB integra o SINTER – Sistema Nacional de Informações Territoriais.
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O objetivo é claro: cada unidade imobiliária passa a ter um código identificador único, válido em todo o território nacional. Na prática, é como se cada imóvel tivesse um CPF, o que facilita a gestão de informações de propriedades urbanas e rurais.
Relação com a Reforma Tributária
Embora tenha sido criado em 2021, o CIB só se tornou obrigatório com a Reforma Tributária, instituída pela Emenda Constitucional nº 132/2023 e regulamentada pela Lei Complementar nº 214/2025.
Alterações previstas pela Lei Complementar nº 214/2025
A nova lei traz mudanças importantes na tributação, entre elas:
•Imposto sobre Bens e Serviços (IBS)
Além disso, o artigo 265 determina que todos os imóveis urbanos e rurais sejam inscritos no CIB pelos órgãos competentes. Essa medida possibilitará o cruzamento de informações cadastrais de propriedades e proprietários, ampliando a eficiência da fiscalização da Receita Federal e tornando a arrecadação mais precisa.
Prazos para adequação
O artigo 266 estabelece prazos para que os Cartórios de Imóveis, os órgãos da administração federal direta e indireta, os órgãos da administração estadual direta e indireta, o Distrito Federal e os municípios realizem a inscrição de todos os imóveis urbanos e rurais no CIB.
•Cartórios de Imóveis, órgãos da administração federal direta e indireta, capitais dos Estados e o Distrito Federal têm 12 meses a partir da publicação da Lei Complementar, ou seja, até janeiro de 2026 para adequação.
•Órgãos da administração estadual direta e indireta e demais municípios têm o prazo de 24 meses para adequação, ou seja, até janeiro de 2027.
Cruzamento de dados e impactos para pessoas físicas
O CIB permitirá que a Receita Federal conecte informações sobre imóveis e seus proprietários, o que poderá facilitar o cruzamento de dados com a Declaração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física e inquilinos e locadores.
Vale mencionar que o Capítulo V da Lei Complementar, que trata dos bens imóveis, prevê no artigo 251 a incidência do IBS e da CBS sobre as operações realizadas por pessoas físicas, nos seguintes casos:
•Locação, cessão onerosa ou arrendamento de bem imóvel, desde que, no ano-calendário anterior:
a) a receita total dessas operações ultrapasse a R$ 240.000; e
b) envolvam mais de três propriedades distintas;
•Alienação ou cessão de direitos de imóveis, quando tenham sido negociados mais de três imóveis diferentes no ano-calendário anterior.
•Venda ou cessão de direitos sobre mais de um imóvel construído pelo próprio alienante nos cinco anos anteriores à operação.
Esse tema já foi assunto por aqui, em um artigo que detalha como a locação de imóveis por pessoa física será tributada. O conteúdo pode ser acessado no link abaixo:
CBS e IBS nas operações de locação de bens imóveis de pessoa física
Importância prática do CIB e seus impactos futuros
A criação do Cadastro Imobiliário Brasileiro não se limita a um avanço tributário, mas também representa um passo importante na organização do patrimônio imobiliário nacional. Com um identificador único para cada imóvel, será possível reduzir inconsistências cadastrais, evitar fraudes em registros e até mesmo dar mais segurança em negociações de compra, venda ou locação.
Além disso, o CIB permitirá uma maior integração entre diferentes órgãos públicos. Governos estaduais e municipais poderão acessar informações centralizadas para aprimorar a arrecadação do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), enquanto a Receita Federal terá melhores condições de fiscalizar operações que envolvem renda e patrimônio.
Outro ponto relevante é o uso do cadastro para políticas públicas. Com dados mais confiáveis, será viável planejar melhor a expansão urbana, a regularização fundiária e até programas habitacionais. Para o setor privado, especialmente construtoras, incorporadoras e investidores, o CIB tende a oferecer mais transparência e previsibilidade.
Por outro lado, o desafio está na adequação dos cartórios e órgãos administrativos, que precisarão investir em tecnologia e integração de sistemas. A curto prazo, isso pode gerar ajustes complexos, mas a médio e longo prazo, o CIB promete ser uma ferramenta de modernização e segurança jurídica para todo o mercado imobiliário brasileiro.
Conclusão
O Cadastro Imobiliário Brasileiro representa uma transformação significativa para o setor imobiliário e para a tributação de imóveis. A correta organização e identificação das propriedades proporciona mais segurança jurídica e fiscal.
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